sábado, 31 de outubro de 2015

O teu sorriso - Pablo Neruda






O Teu Riso



Tira-me o pão, se quiseres,

tira-me o ar, mas

não me tires o teu riso.



Não me tires a rosa,

a flor de espiga que desfias,

a água que de súbito

jorra na tua alegria,

a repentina onda

de prata que em ti nasce.



A minha luta é dura e regresso

por vezes com os olhos

cansados de terem visto

a terra que não muda,

mas quando o teu riso entra

sobe ao céu à minha procura

e abre-me todas

as portas da vida.



Meu amor, na hora

mais obscura desfia

o teu riso, e se de súbito

vires que o meu sangue mancha

as pedras da rua,

ri, porque o teu riso será para as minhas mãos

como uma espada fresca.



Perto do mar no outono,

o teu riso deve erguer

a sua cascata de espuma,

e na primavera, amor,

quero o teu riso como

a flor que eu esperava,

a flor azul, a rosa

da minha pátria sonora.



Ri-te da noite,

do dia, da lua,

ri-te das ruas

curvas da ilha,

ri-te deste rapaz

desajeitado que te ama,

mas quando abro

os olhos e os fecho,

quando os meus passos se forem,

quando os meus passos voltarem,

nega-me o pão, o ar,

a luz, a primavera,

mas o teu riso nunca

porque sem ele morreria.



Pablo Neruda, in "Poemas de Amor de Pablo Neruda





Não entres docilmente nessa noite serena...





Não entres docilmente nessa noite serena,

porque a velhice deveria arder e delirar no termo do dia;

odeia, odeia a luz que começa a morrer.



No fim, ainda que os sábios aceitem as trevas,

porque se esgotou o raio nas suas palavras, eles

não entram docilmente nessa noite serena.



Homens bons que clamaram, ao passar a última onda, como podia

o brilho das suas frágeis ações ter dançado na baia verde,

odiai, odiai a luz que começa a morrer.



E os loucos que colheram e cantaram o vôo do sol

e aprenderam, muito tarde, como o feriram no seu caminho,

não entram docilmente nessa noite serena.



Junto da morte, homens graves que vedes com um olhar que cega

quanto os olhos cegos fulgiriam como meteoros e seriam alegres,

odiai, odiai a luz que começa a morrer.



E de longe, meu pai, peço-te que nessa altura sombria

venhas beijar ou amaldiçoar-me com as tuas cruéis lágrimas.

Não entres docilmente nessa noite serena.

Odeia, odeia a luz que começa a morrer.



Dylan Thomas

Tradução: Fernando Guimarães




Walt Whitman. Pleno de vida agora.




"A alguém, um século adiante ou muitos séculos adiante,

A ti, que ainda não nasceste, me dirijo, procurando-te.

Quando leres estes versos, eu, que era visível, invisível me terei tornado,

Agora és tu, sólido, visível, lendo meus poemas, procurando-me,

Imagino a tua felicidade se eu pudesse estar contigo e fosse teu amigo,

Sê feliz como se eu estivesse contigo.

E não estejas tão certo de que não

estou neste momento junto a ti."


Walt Whitman. 1883. Folhas de relva: Pleno de vida agora. Trad. Ferreira Gullar

JON & VANGELIS - DEBORAH

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A águia e a serpente


Limite