terça-feira, 26 de abril de 2011

A Arte de Ser Feliz - Cecília Meireles


A Arte de Ser Feliz


Houve um tempo em que a minha
janela se abria para um chalé.
Na porta do chalé brilhava
um grande ovo de louça azul.
Neste ovo costumava pousar
um pombo branco.



Ora, nos dias límpidos,
quando o céu ficava da mesma
cor do ovo de louça,
o pombo parecia pousado no ar.
Eu era criança,
achava essa ilusão maravilhosa e
sentia-me completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha
janela dava para um canal.
No canal oscilava um barco.
Um barco carregado de flores.



Para onde iam aquelas flores?
Quem as comprava?
Em que jarra... em que sala,
diante de quem brilhavam,
na sua breve experiência?
E que mãos as tinham criado?
E que pessoas iam sorrir de
alegres ao recebê-las?



Eu não era mais criança,
porém minha alma ficava
completamente feliz.

Houve um tempo em que a minha
janela se abria para um terreiro,
onde uma vasta mangueira
alargava sua copa redonda.
À sombra da árvore, numa esteira,
passava quase o dia todo sentada
uma mulher, cercada de crianças.



E contava histórias.



Eu não podia ouvir, da altura da janela,
e mesmo que a ouvisse, não entenderia,
porque isso foi muito longe,
num idioma difícil.
Mas as crianças tinham tal expressão
no rosto, e às vezes faziam com as
mãos arabescos tão compreensíveis,
que eu participava do auditório,
imaginava os assuntos e suas peripécias
e me sentia completamente feliz.


Houve um tempo em que na minha janela
havia um pequeno jardim seco.
Era um tempo de estiagem,
de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre
homem com um balde e em silêncio,
ia atirando com a mão umas gotas
de água sobre as plantas.



Não era uma rega:
era uma espécie de aspersão ritual,
para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas,
para o homem, para as gotas de
água que caíam de seus dedos magros
e meu coração ficava
completamente feliz.

Mas, quando falo dessas pequenas
felicidades certas, que estão diante
de cada janela, uns dizem que essas
coisas não existem, outros que só
existem diante das minhas janelas
e outros finalmente, que é preciso
aprender a olhar, para poder vê-las assim.



Cecília Meireles



Ombra Mai Fu (Sombra Permanente)

Ao contrário do que se espera de um tirano, o Rei Xerxes,

logo na primeira ária de uma ópera, louva a beleza da sombra de uma árvore:




Ombra Mai Fu (Sombra Permanente)

"Ramos ternos e belos
Do meu amado plátano
Para ti brilha o destino

Trovões, raios e tempestades
Não irão nunca ultrajar tua querida paz
Nem os ventos do oeste
Vorazes chegam a profanar-te.

Nunca houve sombra
De uma árvore tão
Querida, amável e suave."


Para escutá-la no youtube clique AQUI



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Companheiros de Batalha

Por estes dias me bateu uma grande saudade do meu padrinho Hélcio. Sendo assim, pensei que escrevendo um pouquinho sobre ele, talvez eu pudesse amenizar um pouquinho da saudade que é muita... E em meio a esta saudade acabei escutando uma música do Dire Straits chamada "Brothers in Arms" que retrata bem a nossa amizade... seja nos momentos felizes ou nos momentos de dificuldades, melhor dizendo... de batalhas, nós sempre estamos unidos, um ajudando o outro... independente da distância. Nós nos sentimos como se um fosse o "porto seguro" do outro... quando nossas almas se encontram a alegria, a paz e a felicidade se concretizam em um sorriso e onde pisamos sentimos que, seja qual for a direção, todos os caminhos nos levarão ao paraíso.

Um amante da natureza e dos animais

Ele é realmente do outro mundo

Eu e meu padrinho há muuuuito tempo atrá hehe



E por fim gostaria de dizer...

"Porto seguro da minha alma
Coração que acalenta meu coração
Por maior que sejam as ondas da saudade
E as tempestades das dificuldades

O barco das nossas vidas
Sempre alcançará o porto seguro da nossa amizade"







Companheiros de Batalha
- Dire Straits -


Estas montanhas cobertas de névoa
são um lar para mim agora
Mas meu lar são as planícies
E sempre serão
Algum dia vocês voltarão para
seus vales e suas fazendas
e não mais arder o desejo
de ser um companheiro de batalha

Por estes campos de destruição
Batismos de fogo
Assisti a todo o seu sofrimento
enquanto a batalha se acirrava
e apesar de terem me ferido gravemente
em meio ao medo e ao pânico
vocês não me desertaram
meus companheiros de batalha

Há tantos mundos diferentes
Tantos sóis diferentes
e nós temos apenas um
mas vivemos em mundos distintos

Agora o sol foi para o inferno
e a lua está alta
deixe-me dizer adeus
todo homem tem de morrer
mas está escrito nas estrelas
e em todas as linhas de sua mão
somos tolos de guerrear
com nossos companheiros de batalha


terça-feira, 5 de abril de 2011

No campo de batalha



- "Meu amigo não voltou do campo de batalha, senhor. Solicito permissão para ir buscá-lo." - Disse um soldado ao seu tenente.

- "Permissão negada." - Replicou o oficial. "Não quero que arrisque a sua vida por um homem que provavelmente está morto!".

O soldado, ignorando a proibição, saiu,e uma hora mais tarde regressou, mortalmente ferido, transportando o cadáver de seu amigo.

O oficial estava furioso... - "Já tinha lhe dito que ele estava morto!!! Agora eu perdi dois homens. Diga-me: valeu a pena trazer um cadáver?"

E o soldado, moribundo, respondeu:
- "Claro que sim, senhor! Pois cheguei a tempo de ouvi-lo dizer suas últimas palavras:


"TINHA CERTEZA QUE VOCÊ VIRIA AMIGO !""